quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Voltei

III Parte

Avisado pelo irmão Andrade de que “a morte não nos conduz a tribunais vulgares e sim à própria consciência” foi informado que, “não obstante entregue ao seu próprio julgamento, um amigo de mais alto viria ajudá-lo a recompor o sentimento e o raciocínio”.

Irmão Jacob ficou intrigado por não saber o nome do benfeitor anunciado...

Depois de prolongadas meditações, irmão Jacob alcançou o dia em que seria recebido no grande templo. Foi informado por Andrade que à noite, reencontraria muitos companheiros de trabalho. Mas irmão Jacob estava longe de imaginar que reveria a maior parte dos próprios espíritos com os quais havia convivido pessoalmente nas sessões e serviços realizados na Terra.

No santuário, irmão Jacob sente-se tomado de emoção, sente-se criança de novo e que “alguma coisa lhe entravava a garganta”.

Já no recinto, irmão Andrade o apresenta a “cooperadores do seu trabalho edificante, que prosseguirá mais activo”. Jacob nota “algumas dezenas de companheiros tão obscuros quanto eu mesmo”. Reconheceu muitos deles de encontros e reuniões doutrinárias. Reconheceu diversos médiuns. Todos, tal como ele, lastimavam não terem “usado a aplicação com o mesmo ímpeto com que procuravam conforto no campo do ensinamento”.

Foi informado de que muitos dos presentes da Assembleia daquela noite eram “elementos evangelizados em suas próprias reuniões e preces” e de que a maioria foi trazida de múltiplos lugares, a fim de “juntos recomeçarem o trabalho.”

Após alguns momentos, em silêncio profundo, “Bezerra, nimbado de intensa luz (...) alçou ao Mestre Divino sentida prece”. Ao toque da oração, os amigos iluminados se fizeram mais radiantes e mais belos”. Quando Bezerra terminou (...) na câmara alva surgiu, de repente, uma estrela cujos raios tocavam o chão”.

Perante as intensas vibrações que se faziam sentir, irmão Jacob não suportou a companhia dos iluminados e “afastou-se instintivamente para a faixa a que se recolhiam os companheiros de organização opaca”. Jacob ajoelhou-se, humilde.

“Contemplando a estrela que começava quase imperceptivelmente a tomar a forma humana, Jacob gritou, em pranto, que não era digno daquelas manifestações de apreço e nem merecia a visita divina que principiava a revelar-se”.

Perante a grande luz, fortalecido por sobre-humana coragem confessou todas as suas faltas e salientou todos os seus defeitos, em alta voz, abertamente, sem omitir erro algum”.

O benfeitor anunciado que se materializou a seus olhos era, afinal, “o magnânimo Bittencourt Sampaio, cuja expressão resplandecente constituía o que imagino num ser angélico” (...) “Surpreendido e envergonhado, busquei recuar, mas não consegui. Tentei ajoelhar-me, mas Guillon sustentou-me nos braços”.

E Bittencourt, encaminhando-se para ele, “pronunciando frases que não merecia”, afirmou: “Jacob, fizeste bem, anunciando as próprias faltas neste plenário fraterno!, e continuou:

“A Infinita Sabedoria instala tribunais para julgar aqueles que não a conhecem, porque a ignorância reclama lições, às vezes rudes, dos planos exteriores, mas os filhos do conhecimento santificante condenam ou salvam a si mesmos”.

(continua)

Mário


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